A eficácia da prece em favor
dos suicidas
F. Altamir da
Cunha
A oração é um recurso mental de poder
extraordinário. Podemos orar pelos encarnados e pelos desencarnados, por nós
mesmos e pelos outros. Através da oração não podemos mudar o curso dos resgates
necessários, em nós ou nos outros, mas podemos confortar e ser confortados.
Quando bem utilizada, ela amplia a nossa receptividade, favorecendo aos bons
Espíritos, nos inspirem. Quantos problemas poderiam ser mortos há nascença, se
o recurso da oração sincera tivesse sido utilizado! A oração feita com amor
gera ondas mentais, que se propagam no espaço em direção ao alvo para o qual é
endereçada. No caso especifico de Espíritos sofredores, ela proporciona alívio
e conforto espiritual. No entanto, muitas pessoas, mesmo aquelas que são
conhecedoras do poder da oração externam certa dúvida, quando se trata de orar
pelos que se suicidaram. Certamente supõem que o suicida, sofredor de dores
inimagináveis, como descrevem algumas obras espíritas, permanecendo longo
período em total perturbação, dispensariam o recurso da oração. É como se
imaginassem um determinismo, que a oração não poderia mudar. Comete grande
equívoco quem defende esta tese. É no mínimo uma prova de desconhecimento a
respeito do assunto. Os efeitos da prece acontecem através de mecanismos não
totalmente conhecidos por nós, humanos. Os relatos feitos por desencarnados,
que foram vítimas de suicídio, comprovam a eficácia da prece e revelam ser uma
importante caridade, realizada em benefício destes sofredores. Ela é um recurso
algumas vezes esquecido, porém, poderoso em qualquer circunstância. Claro que
não podemos interpretá-la como um recurso mágico para isentar o devedor do
débito. Mas com certeza lhe dará conforto e forças para reagir, impedindo, em
alguns Espíritos, o prolongamento desnecessário do sofrimento. Para, melhor
esclarecimento a respeito do assunto consideramos duas situações, colhidas do
livro Memórias de um Suicida, ed. F.E.B, recebido mediunicamente por Yvonne do
Amaral Pereira:
a)Espíritos
resgatados das zonas de sofrimento, em recuperação nas colónias espirituais –
comentário de Camilo Cândido Botelho:
Da Terra, todavia, não eram raras as
vezes que discípulos de Allan Kardec (…) emitiam pensamentos caridosos em nosso
favor, visitando-nos frequentemente através das correntes mentais vigorosas que
a Prece santificava, tornando-as ungidas de ternura e compaixão, as quais caiam
no recesso de nossas almas cruciadas e esquecidas, quais fulgores de
consoladora esperança (Op.cit., cap.Jerônimo de Araújo Silveira e família,
p.105-106.)
b)Espíritos
ainda não resgatados: comentário de Yvonne Pereira:
Certa vez, há cerca de vinte anos, um
dos meus dedicados educadores espirituais –Charles_ levou-me a um cemitério
público no Rio de Janeiro ,a fim de visitarmos um suicida que rondava os
próprios despojos em putrefacção(…)Estava enlouquecido , atordoado ,por vezes
furioso, sem se poder acalmar para raciocinar, insensível a toda e qualquer
vibração que não fosse a sua imensa desgraça! (…) E Charles, tristemente, com
acento indefinível de ternura, falou:_ “Aqui, só a prece terá virtude capaz de
se impor! Será o único bálsamo que poderemos destilar em seu favor , santo
bastante para, apôs certo período de tempo, poder alivia-lo…” (…) ( Op, cit. .,
Cap. . Os réprobos ,Nota da Médium nº3 , p.49.)
De acordo com o exposto, não poderá
restar dúvida sobre a eficácia da prece. E no caso específico, podemos afirmar
que é o único recurso de que nós, encarnados, dispomos para, com certeza,
aliviar o sofrimento imenso causado por tão enganosa solução.
Abaixo, transcrevemos um trecho do
diálogo entre Divaldo Pereira Franco e o Espirito de um suicida, que sofreu
vários anos os efeitos dolorosos da sua precipitada acção (do livro O Semeador
de Estrelas de Suely Caldas Schubert):
(…)
Dei-me conta, então, que a morte não
me matara e que alguém pediu a Deus por mim. Lembrei-me de Deus, de minha mãe,
que já havia morrido. Comecei a reflectir que eu não tinha o direito de ter
feito aquilo, passei a ouvir alguém dizendo:”Ele não quis matar-se “.Até que um
dia esta força foi tão grande que me atraiu; aí eu vi você nesta janela,
chamando por mim. -Eu perguntei-continuou o Espírito: quem é? Quem está pedindo
a Deus por mim, com tanto carinho, com tanta misericórdia? Mamãe surgiu e
esclareceu-me: -É uma alma que ora pelos desgraçados. -Comovi-me, chorei muito
e a partir dê, passei a vir aqui, sempre que você me chamava pelo nome.
Dá para perceber, nestes dois
exemplos, que a oração, também para os casos de suicídio, tem o poder de lenir
a dor e aplacar o desespero da vítima. Nestas condições, poderá acontecer a
mudança gradativa dos painéis mentais (gerados pelo sentimento de culpa), à
medida que surge o arrependimento sincero, proporcionando aos samaritanos da
Espiritualidade resgatarem a vítima, que ainda se encontre nas regiões de
sofrimento, para uma colónia espiritual.
Revista o “ Reformador “ Novembro de 2009
Federação Espírita Brasileira
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